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Apesar do fracasso dos quatro
vestibulandos que haviam tentado fraudar a prova mediante mensagens pelo
celular, ela decidiu fazer a mesma coisa. Em primeiro lugar, porque
morava numa cidade muito menor que o Rio, na qual as medidas de
segurança não eram tão rigorosas. Depois, não recorreria a quadrilha
nenhuma, coisa que, segundo imaginava, tornava a operação vulnerável. Em
terceiro lugar, não tinha outra opção: não sabia quase nada, e era
certo que seria reprovada. Por último, havia uma coincidência favorável:
estava com o antebraço esquerdo engessado. Nada preocupante, e na
verdade ela até poderia ter tirado o gesso, mas não o fizera e agora
contava com um ótimo esconderijo para o celular. Quem mandaria o
gabarito? O namorado, claro. Rapaz inteligente (já estava cursando a
faculdade), ele só teria de perguntar as questões para alguém que
tivesse terminado a prova e enviar o gabarito por torpedo. Quando ela
fez a proposta ao rapaz, ele pareceu-lhe um tanto relutante, incomodado
mesmo. E no dia do vestibular ela descobriu por quê. Quarenta minutos
depois de iniciada a prova, ela recebeu o tão esperado torpedo. Para sua
surpresa, não continha o gabarito, e sim uma mensagem: "Sinto muito,
mas não posso continuar namorando uma pessoa tão desonesta. Considere
terminada a nossa relação. PS: boa sorte no vestibular". Com o que ela
foi obrigada a concluir: tão importante quanto o torpedo é aquele que
dispara o torpedo.